Caminhando na areia da praia
- cecgodoyviagem
- 12 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de jan.

Caminhar pela praia, descalço, pisando ora na água, ora na areia seca, fugindo das ondas quando chegam maiores, sentindo um misto de sensações que vem de todos os sentidos, é algo muito especial.
Olhamos para trás e vemos o caminho que já se foi. Olhamos para a frente e vemos o caminho que ainda está por vir. Debaixo dos pés está o agora, o único momento com sensações verdadeiras. O que está atrás, são lembranças, o que está a frente são suposições, expectativas. O agora é cheio sensações de todos os tipos, de decisões a tomar, pisar aqui ou ali, fugir das ondas ou desfrutar da água lavando os pés, correr em direção ao que parece seguro ou deixar que a água leve dos pés a areia que incomodava.
Cada passo sobre a areia macia é como um abraço da natureza, enquanto as ondas tranquilas lavam a mente e o coração. O vento suave acaricia o rosto, trazendo o frescor do oceano e o aroma salgado da maresia. Você ouve o som das gaivotas acima e percebe pequenos detalhes que tornam o momento inesquecível: conchas espalhadas, caranguejos apressados, o reflexo do céu nas poças deixadas pela maré baixa.
Esse simples passeio à beira-mar se torna ainda mais especial quando compartilhado com uma criança. É uma oportunidade de ensinar não apenas a contemplar a natureza, mas também a valorizá-la em cada detalhe.
Enquanto caminham juntos, convide a criança a observar tudo ao redor. Ajude-a a perceber a textura da areia sob os pés descalços: seca, fofa, ou úmida, marcada pelas ondas que vêm e vão. Mostre as pegadas que vocês deixam para trás e pergunte: “Para onde acha que essas pegadas nos levaram? Quem mais passou por aqui?”. Incentive-a a descobrir rastros de pequenos animais, pegadas de aves ou marcas do movimento das marés.
Ouçam o som das ondas. Pergunte à criança se ela consegue identificar as diferentes intensidades: as ondas maiores que quebram ao longe e as menores que chegam aos seus pés. E as gaivotas? O que será que elas estão dizendo? Essa escuta atenta ajuda a desenvolver a sensibilidade auditiva e a atenção aos detalhes que muitas vezes passam despercebidos.
O tato também faz parte dessa experiência. Pegue uma concha e peça que a criança sinta suas bordas, sua textura. Incentive-a a tocar a água fria que escorre sobre a areia ou a brincar com os grãos que se prendem à pele. Tudo isso a ajuda a criar uma conexão direta com o ambiente.
E então vem a visão. A beleza do horizonte se mistura com os tons azuis e arroxeados do céu no fim da tarde, enquanto o sol começa a se esconder. Convide a criança a observar as ondas tranquilas e como o mar parece se fundir com o céu. Que história ela consegue imaginar olhando para o infinito? Os pequenos animais que aparecem na areia são outro convite à curiosidade e à imaginação.
Ao caminhar devagar, vocês vão criando um ritmo próprio, como se fossem parte do pulsar do oceano. Cada passo é uma conversa silenciosa com a natureza, um momento de introspecção e aprendizado. Ensine a criança a aproveitar esse instante de calma, mostrando que o simples ato de caminhar pode trazer leveza à mente e ao coração.
Por fim, mostre à criança a importância de respeitar o ambiente ao seu redor. Reforce que as conchas pertencem à praia, que os animais estão em suas casas, e que vocês estão ali apenas como visitantes. Isso a ajuda a construir um senso de cuidado e responsabilidade com o mundo natural.
Caminhar pela praia, descalços e em harmonia com o ambiente, é mais do que uma experiência sensorial: é uma aula de vida. É ensinar a criança a ver, ouvir e sentir o mundo de forma profunda e consciente, criando memórias que ecoarão como as ondas do mar — suaves, mas inesquecíveis.
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Texto inspirado em todas as caminhadas em que molhei os pés na água salgada, conversando com o oceano, com o céu, com o vento... Aprendi muito com cada uma delas. Sou grato!