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Culturas de pensamento e Ciências da Natureza

  • cecgodoyviagem
  • 5 de jan.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 16 de fev.

Estudantes criando um modelo de ambiente. Imagem feita com IA.
Estudantes criando um modelo de ambiente. Imagem feita com IA.

Criando culturas de pensamento

No mundo acelerado em que vivemos, onde as respostas rápidas e a memorização superficial parecem dominar, surge uma necessidade urgente de promover espaços que incentivem o pensamento crítico, reflexivo e colaborativo. No livro "Creating cultures of thinking", John Ritchhart nos convida a repensar nossas práticas educacionais e a criar ambientes de aprendizado que inspirem alunos a se tornarem pensadores autônomos e criativos.

Mas como aplicar essas ideias no ensino de Ciências da Natureza, uma disciplina que já é tão rica em possibilidades de investigação e reflexão? Vamos explorar juntos.


O que são culturas de pensamento?

Ritchhart define culturas de pensamento como ambientes onde o aprendizado vai além da aquisição de conteúdo. É um espaço onde ideias são valorizadas, discutidas e visíveis, permitindo que alunos e professores reflitam e construam conhecimento de forma colaborativa. E o mais importante: isso é intencional. Não se trata de uma mudança espontânea, mas de um trabalho contínuo para moldar a cultura escolar.

O autor apresenta oito forças culturais que podem transformar qualquer sala de aula ou escola em uma verdadeira comunidade de pensamento. Vamos explorar essas forças e como aplicá-las no ensino de Ciências da Natureza.


As oito forças culturais e sua aplicação no ensino de Ciências da Natureza

1. Tempo - O tempo é um recurso precioso, mas muitas vezes mal utilizado. Em vez de correr para "cobrir" todo o conteúdo, priorize momentos de reflexão e investigação profunda. Por exemplo, ao explorar a fotossíntese, permita que os alunos investiguem como diferentes condições (luz, água, tipo de planta) afetam o processo. Dedique tempo para que eles formulem hipóteses, conduzam experimentos e discutam os resultados.

2. Oportunidades - Crie oportunidades genuínas para que os alunos pratiquem o pensamento científico. Proponha questões do tipo: "O que aconteceria se as abelhas desaparecessem?" ou "Como podemos medir a saúde de um rio?". Essas perguntas incentivam investigações reais, conectando os alunos à ciência em seu contexto cotidiano.

3. Rotinas e estruturas - Incorpore rotinas que promovam o pensamento crítico e reflexivo. Uma prática poderosa é o método "Vejo, Penso, Me Pergunto", que pode ser aplicado na análise de imagens de ecossistemas ou fenômenos naturais. Os alunos observam, refletem sobre o que veem e formulam perguntas que guiarão sua investigação.

4. Modelagem - Seja um exemplo do tipo de pensamento que você deseja cultivar. Durante uma aula sobre cadeias alimentares, verbalize seu processo de raciocínio ao explicar como a extinção de um predador afeta todo o ecossistema. Mostre aos alunos como você conecta ideias, levanta hipóteses e busca respostas.

5. Interações - As interações em sala de aula moldam a cultura do pensamento. Promova debates onde os alunos compartilhem ideias e aprendam a ouvir e questionar uns aos outros respeitosamente. Por exemplo, peça que eles discutam as implicações do desmatamento para a biodiversidade em grupos, trocando argumentos baseados em evidências.

6. Ambiente - A sala de aula deve refletir a aprendizagem em andamento. Monte um mural com perguntas levantadas pelos alunos, gráficos e dados de experimentos científicos. Crie espaços colaborativos onde eles possam trabalhar em grupos para explorar temas como o ciclo da água ou a poluição do solo.

7. Linguagem - Use uma linguagem que valorize o pensamento e encoraje a curiosidade. Em vez de perguntar "Qual é a resposta?", experimente "O que te levou a pensar isso?" ou "Que outras possibilidades podemos explorar?". Isso estimula os alunos a articularem seus processos de pensamento.

8. Expectativas - Altas expectativas não significam sobrecarregar os alunos, mas incentivá-los a ir além. Desafie-os a desenvolver projetos científicos, como criar um modelo sustentável de captação de água da chuva ou monitorar a qualidade do ar na escola. Mostre que você acredita em sua capacidade de fazer ciência de verdade.


Para Professores, Educadores e Pais

Essas forças culturais não são apenas para professores. Pais também podem aplicá-las em casa para incentivar o pensamento reflexivo e científico em seus filhos. Experiências simples, como observar o céu noturno ou cultivar uma horta, podem se tornar momentos ricos de aprendizado.

Imagine, por exemplo, um projeto de final de semana onde a família analisa o impacto do plástico no ambiente local. Com perguntas como "De onde vêm esses resíduos?" e "Como podemos reduzir isso em casa?", os pais ajudam as crianças a desenvolver habilidades de pensamento crítico e consciência ambiental.


Conclusão

O livro "Creating cultures of thinking", de John Ritchhart, nos mostra que criar uma cultura de pensamento é mais do que uma estratégia pedagógica; é uma mudança de mentalidade. No ensino de Ciências da Natureza, isso significa ajudar os alunos a se tornarem não apenas consumidores de informações, mas também criadores de conhecimento.

Você, como professor, educador ou pai, tem o poder de transformar a forma como as crianças pensam sobre o mundo.

Comece hoje. Dê tempo para o pensamento, crie oportunidades significativas, e veja como pequenos passos podem criar um impacto duradouro.

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Texto inspirado no livro ""Creating cultures of thinking", de John Ritchhart.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo)

Biólogo, Professor,

Escritor e Ilustrador

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