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Planejamento reverso

  • cecgodoyviagem
  • 16 de fev.
  • 4 min de leitura
Crianças investigando o jardim da escola. Imagem feita com IA.
Crianças investigando o jardim da escola. Imagem feita com IA.

O planejamento reverso é uma estratégia na qual, primeiro, estabelecemos o que queremos que os alunos aprendam; depois, determinamos as evidências que indicarão que eles atingiram esse aprendizado; e, por fim, organizamos as atividades que os conduzirão até lá.

Essa metodologia garante que cada aula tenha um propósito claro, favorecendo o engajamento e o aprendizado significativo dos estudantes​.


Justificativas

O planejamento reverso é ancorado na compreensão profunda dos conceitos e no desenvolvimento de habilidades essenciais.

Ao invés de apenas expor conteúdos, ele permite que os alunos vivenciem e apliquem o conhecimento em situações reais. Isso é especialmente relevante para o ensino de Ciências da Natureza, que exige a investigação, a experimentação e a argumentação baseada em evidências​.

Quando o professor organiza sua sequência didática a partir das expectativas de aprendizagem, ele evita atividades desconectadas e promove um percurso pedagógico coerente. Isso significa que cada experiência em sala de aula é intencional e conduz o aluno a construir conhecimentos com autonomia e senso crítico​.


Como estruturar o planejamento reverso

O planejamento reverso segue cinco etapas essenciais:


1) Definir as expectativas de aprendizagem

O primeiro passo é esclarecer o que queremos que os alunos saibam e sejam capazes de fazer ao final do processo. Isso envolve:

Estabelecer um grande objetivo de aprendizagem, que pode ser um conceito amplo, como "Compreender o impacto das ações humanas nos ecossistemas".

Dividir esse objetivo em expectativas específicas, como "Identificar os papéis dos seres vivos em uma teia alimentar", "Relacionar alterações ambientais ao desequilíbrio ecológico", entre outras​.

Selecionar os conteúdos essenciais, priorizando aqueles que são relevantes para a vida dos estudantes e que possam ser aplicados em outros contextos​.


2) Determinar as evidências de aprendizagem

Após definir os objetivos, precisamos estabelecer como saberemos se os alunos os atingiram. Para isso, planejamos as avaliações antes mesmo de pensar nas atividades.

Planeje avaliações autênticas: projetos, investigações científicas, relatórios experimentais e debates são mais eficazes do que provas tradicionais, pois evidenciam a compreensão real dos conceitos.

Use rubricas e checklists: critérios claros ajudam os alunos a entenderem como podem demonstrar seu aprendizado e permitem que o professor acompanhe o progresso de forma precisa​.

Inclua momentos de autoavaliação: dar aos alunos a oportunidade de refletirem sobre o que aprenderam fortalece sua autonomia no processo de aprendizagem.

Exemplo: Se o objetivo é que os alunos compreendam o impacto do desmatamento, uma evidência de aprendizagem pode ser um relatório investigativo sobre mudanças na biodiversidade de uma área desmatada.

3) Planejar as atividades

Agora que sabemos onde queremos chegar e como mediremos o aprendizado, organizamos o percurso de aprendizagem. As atividades precisam ser coerentes com os objetivos e avaliações e devem seguir uma progressão lógica, em camadas sequenciais de aprendizagem.

Verifique o calendário e o tempo disponível: cada etapa precisa de um tempo adequado para que os alunos realmente consolidem os conceitos.

Utilize metodologias ativas: estudos de caso, resolução de problemas, experimentos, investigações de campo e aprendizagem cooperativa favorecem a construção do conhecimento​.

Promova momentos de retomada e conexão: cada nova atividade deve ampliar ou aprofundar a aprendizagem anterior, garantindo que os alunos avancem de forma estruturada.

Exemplo: Em um estudo sobre cadeias alimentares, os alunos podem começar observando organismos no ambiente escolar, depois representar essas relações em um esquema e, por fim, debater as consequências do desaparecimento de uma espécie.

4) Elaborar um cronograma e selecionar recursos

Para que o planejamento funcione na prática, ele precisa ser viável e bem organizado.

Distribua as atividades em um calendário realista: é importante prever tempos de revisão e adaptação.

Liste os recursos necessários: materiais impressos, vídeos, plataformas digitais, saídas de campo e convidados externos podem enriquecer o aprendizado.

Preveja momentos de ajustes: é essencial ser flexível para adaptar o planejamento conforme as necessidades dos alunos.


5) Monitorar, avaliar e ajustar

O planejamento não é um documento estático – ele deve ser um processo vivo, que se ajusta conforme os alunos avançam.

Colete evidências de aprendizagem continuamente: se os alunos não estão alcançando os objetivos, revise a abordagem.

Ofereça feedback constante: converse com os alunos sobre seus avanços e dificuldades.

Registre o que funcionou e o que precisa ser melhorado: isso permitirá um aperfeiçoamento contínuo da prática docente.

Pergunte-se sempre: Essa estratégia está ajudando os alunos a compreenderem melhor os conceitos? Se a resposta for "não", é hora de ajustar a rota.


Conclusão

Adotar o planejamento reverso em Ciências da Natureza não significa apenas organizar melhor as aulas – significa garantir que o ensino seja intencional, significativo e baseado em evidências de aprendizagem.

Ao estruturar o planejamento a partir das expectativas de aprendizagem, os professores constroem percursos mais eficientes, que realmente fazem sentido para os alunos.

Esse método não apenas facilita a vida do professor, mas também promove aulas mais envolventes e eficazes, onde cada atividade tem um propósito claro e contribui para um aprendizado profundo e duradouro.

Ao colocar essa abordagem em prática, você verá uma transformação na forma como seus alunos aprendem Ciências – e, mais importante, na maneira como se tornam pequenos cientistas investigando o mundo que os cerca.

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Texto inspirado no livro "Planejamento para a Compreensão", de Grant Wiggins e Jay McTighe.


Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo)

Biólogo, Professor,

Escritor e Ilustrador

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