Rotinas de pensamento e Pensamento científico
- cecgodoyviagem
- 11 de mar.
- 4 min de leitura

O ensino de Ciências da Natureza deve ir além da simples memorização de conceitos e permitir que os alunos pensem e ajam como cientistas, formulando perguntas, conduzindo investigações e analisando evidências.
Para estruturar essa abordagem, podemos integrar três elementos essenciais:
O pensamento científico, que guia a maneira como os alunos exploram o mundo e constroem conhecimento.
Os tipos de perguntas investigáveis, que determinam a estrutura das investigações e orientam diferentes métodos de pesquisa.
As rotinas de pensamento, que organizam o raciocínio dos alunos e tornam seu pensamento visível.
Quando combinamos esses três elementos, criamos um ensino de Ciências mais ativo, investigativo e significativo.
1. Pensamento científico e tipos de perguntas investigáveis
O pensamento científico segue um ciclo contínuo baseado em observação, questionamento, experimentação, análise e comunicação de descobertas. No entanto, a maneira como estruturamos as perguntas científicas influencia diretamente a profundidade e o tipo de investigação realizada.
As perguntas investigáveis podem ser classificadas em três categorias principais:
1️) Perguntas Descritivas – Exploram características de fenômenos ou objetos sem manipulá-los.
2️) Perguntas Comparativas – Comparam elementos para identificar semelhanças e diferenças.
3️) Perguntas Relacionais – Investigam relações de causa e efeito entre variáveis.
Cada tipo de pergunta exige um modo específico de pensar e investigar, o que torna essencial a utilização de rotinas de pensamento adequadas para cada caso.
2. Rotinas de pensamento aplicadas aos tipos de perguntas investigáveis
A seguir, apresentamos três rotinas de pensamento, cada uma adaptada para um tipo de pergunta investigável.
A) Rotina de pensamento para perguntas descritivas: "Observe, Registre e Explique"
Objetivo: Desenvolver a observação detalhada, a organização do conhecimento e a compreensão de fenômenos naturais.
Passos:
1️) Observe: Os alunos analisam um elemento ou fenômeno sem interferência externa.
2️) Registre: Anotam suas observações por meio de texto, desenhos ou tabelas.
3️) Explique: Relacionam suas observações com conceitos científicos já estudados.
Exemplo de Aplicação em Ciências:
✔ Pergunta descritiva: "Quais são as características físicas das folhas encontradas no pátio da escola?"
✔ Atividade: Os alunos coletam folhas, observam cores, texturas e formas, registram seus achados e explicam suas características com base no conhecimento científico.
Benefício: Ensina os alunos a enxergar detalhes, organizar informações e compreender fenômenos a partir da observação.
B) Rotina de pensamento para perguntas comparativas: "Compare, Classifique e Conclua"
Objetivo: Desenvolver a análise crítica, a identificação de padrões e a compreensão das relações entre elementos científicos.
Passos:
1) Compare: Os alunos identificam semelhanças e diferenças entre os grupos.
2) Classifique: Então eles agrupam elementos com base em critérios científicos.
3️) Conclua: Relacionam as comparações feitas a conceitos científicos.
Exemplo de Aplicação em Ciências:
✔ Pergunta comparativa: "Quais são as diferenças entre o solo da horta e o solo do pátio da escola?"
✔ Atividade: Os alunos coletam amostras de solo de diferentes locais, observam sua textura e cor, testam a permeabilidade e comparam as características registradas.
Benefício: Ensina os alunos a identificar padrões, organizar informações e justificar comparações com base em evidências.
C) Rotina de pensamento para perguntas relacionais: "Se... Então... Porque..."
Objetivo: Desenvolver o pensamento causal, a formulação de hipóteses e a experimentação científica.
Passos:
1️) Se... – Os alunos formulam uma hipótese sobre um fenômeno.
2️) Então... – Definem o que esperam que aconteça ao testar a hipótese.
3️) Porque... – Justificam cientificamente sua previsão.
Exemplo de Aplicação em Ciências:
✔ Pergunta relacional: "De que maneira a quantidade de luz influencia o crescimento das plantas?"
✔ Atividade: Os alunos plantam sementes em recipientes expostos a diferentes quantidades de luz, registram o crescimento e analisam os resultados.
Benefício: Ensina os alunos a formular hipóteses, realizar experimentos e interpretar relações de causa e efeito.
3. Integrando as rotinas de pensamento ao ensino de Ciências da Natureza
Ao utilizar essas rotinas, os professores podem estruturar o ensino investigativo de Ciências de forma progressiva:
Comece com perguntas descritivas para desenvolver observação e organização do conhecimento.
Passe para perguntas comparativas para estimular a análise de padrões e relações entre elementos.
Avance para perguntas relacionais para ensinar raciocínio causal, experimentação e análise de evidências.
Essa abordagem permite que os alunos não apenas aprendam conceitos científicos, mas desenvolvam habilidades de investigação e pensamento crítico.
Conclusão
Quando combinamos pensamento científico, tipos de perguntas investigáveis e rotinas de pensamento, o ensino de Ciências da Natureza se torna mais ativo e envolvente.
Os alunos passam a:
Observar fenômenos naturais de maneira crítica e sistemática.
Elaborar perguntas que direcionam investigações significativas.
Conduzir investigações e interpretar resultados com base em evidências.
Justificar suas conclusões de maneira fundamentada.
Dessa forma, a sala de aula se transforma em um verdadeiro laboratório de descobertas, no qual os alunos não apenas aprendem ciência, mas fazem ciência.
Agora, o desafio fica para você, professor: como aplicar essas estratégias para incentivar seus alunos a pensar e investigar como verdadeiros cientistas?
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Texto inspirado nos livros: 1) "Science in the Early Years", de Pat Brunton. 2) "Becoming Scientists", de Rusty Bresser. 3) "Doing What Scientists Do", de Ellen Doris. 4) Visible Learning for Teachers: Maximizing Impact on Learning, de John Hattie.